Resumo - Psicologia do Desenvolvimento segundo Vigotski
Resumo - Psicologia do
Desenvolvimento de Vigotski
O Psicologia Pra Passar trás mais um resumo sensacional para você usar na faculdade
ou nos seus estudos aprofundados para concurso.
Ainda que ele tivesse muitas ideias férteis, duas delas são
especialmente importantes para que as consideremos aqui: a internalização e
a zona proximal de desenvolvimento.
Internalização
"De acordo com a teoria sociocultural de
Vygotsky, as interações (processos interpsiquicos) são a base
para que o indivíduo consiga compreender (por meio da internalização) as
representações mentais de seu grupo social - aprendendo, portanto. A construção
do conhecimento ocorre primeiro no plano externo e social (com outras pessoas)
para depois ocorrer no plano interno e individual. Nesse processo, a sociedade
e, principalmente, seus integrantes mais experientes (adultos, em geral, e
professores, em particular) são parte fundamental para a estruturação de que e
como aprender."
Na
teoria de Piaget, o desenvolvimento cognitivo origina-se enormemente “de dentro
para fora” pela maturação. Os ambientes podem favorecer ou impedir o
desenvolvimento, mas ele enfatiza o aspecto biológico e, portanto, maturativo
do desenvolvimento. A teoria de Vygotsky (1962, 1978) adota uma abordagem
inteiramente diferente. Em comparação à abordagem dentro-fora de
Piaget, Vygotsky enfatiza o papel do ambiente no desenvolvimento
intelectual das crianças. Postula que o desenvolvimento procede enormemente de
fora para dentro, pela internalização – a absorção do
conhecimento proveniente do contexto. Assim, as influências sociais, em vez de
biológicas, são fundamentais na sua teoria.
Diariamente,
em casa, na escola e na rua, as crianças observam o que as pessoas dizem e como
dizem isso, o que fazem e por que fazem isso. Depois, elas internalizam o que
vêem, transformando-o em sua propriedade. Recriam, dentro de si próprias, as
espécies de conversações e de outras interações observadas em seu mundo.
Segundo Vygotsky, então, grande parte da aprendizagem das crianças ocorre
pelas interações infantis no ambiente, que determina amplamente o que a criança
internaliza.
Consideremos,
por exemplo, uma menina em um trem sacolejante. Quando o trem esta solavancando,
ela levanta para caminhar no corredor. Suponhamos que sua mãe simplesmente
diz-lhe, autoritariamente: “Sente-se”, sem nenhuma explicação. Uma oportunidade
para aprender foi perdida. A criança pode não se dar ao trabalho de inferir o
raciocínio subjacente ao pedido de sua mãe. Entretanto, suponhamos, em vez
disso, que a mãe lhe diga: “Sente-se, porque o trem pode dar solavancos ou
parar subitamente e você pode cair.” A criança agora tem uma oportunidade não
só para modificar seu comportamento, mas também para aprender como usar essa
modificação em outras circunstâncias apropriadas. Assim, o genitor e outras
pessoas no ambiente da criança podem ampliar o conhecimento desta última e
facilitar sua aprendizagem por meio de suas interações com a mesma.
A segunda maior contribuição de Vygotsky para a psicologia
pedagógica e do desenvolvimento é seu constructo da zona
de desenvolvimento proximal (ZDP) (às vezes, denominada de zona
potencial de desenvolvimento). A ZDP é a amplitude de capacidade observável (desempenho) de
uma criança e a capacidade latente (competência) da criança, a qual não é
diretamente óbvia (ver figura ao lado). Quando observamos as crianças, o que
tipicamente observamos é a capacidade que elas desenvolveram, pela interação da
hereditariedade e do ambiente. Em grande parte, entretanto, estamos
verdadeiramente interessados no que elas são capazes de fazer – qual seria seu
potencial , se estivessem liberadas dos limites de um ambiente que jamais é
realmente ótimo. Antes de Vygotsky propor sua teoria, as pessoas estavam
inseguras quanto a como avaliar essa capacidade latente.
Ele sustentava que precisamos reconsiderar não só como ponderamos
as capacidades cognitivas infantis, mas também como as avaliamos. Tipicamente,
testamos as crianças num ambiente de avaliação
estático,
no qual um examinador faz perguntas e espera que a criança as responda. Caso
ela responda correta ou incorretamente, o examinador passa para a pergunta ou a
tarefa seguinte na lista de itens do teste. Da mesma forma que Piaget, Vygotsky
interessava-se não apenas nas respostas corretas das crianças, mas também em
suas respostas incorretas às perguntas.
Desse modo, Vygotsky recomendava que passássemos de um
ambiente de avaliação estático para um ambiente
de avaliação dinâmico, no qual a interação entre criança e examinador não acaba quando
ela responde, especialmente se responde incorretamente. Na testagem estática,
quando uma criança dá uma resposta errada, o examinador passa para o problema
seguinte. Na avaliação dinâmica, quando ela dá uma resposta errada, o
examinador dá-lhe uma sequência gradual de sugestões dirigidas, a fim de
facilitar a resolução do problema. Em outras palavras, o examinador funciona
tanto como professor quanto como aplicador do teste.
O examinador está particularmente interessado na capacidade da
criança para usar as sugestões. Essa capacidade é a base para avaliar a ZDP,
uma vez que indica a extensão na qual a criança pode expandir-se, além das suas
capacidades observáveis à época da testagem. Duas crianças podem responder
incorretamente a um dado problema. Entretanto, uma delas que pode tirar
proveito da instrução potencialmente pode ir longe, ao passo que a outra, que
não pode beneficiar-se com a instrução, provavelmente, não adquire as
habilidades necessárias para resolver não só o problema que está sendo testado,
mas também os que lhe são relacionados. Diversos testes foram criados para
avaliar a ZDP, sendo o mais famoso o Plano de Avaliação
Potencial da Aprendizagem (Learning Potential Assessment Device), de Reuven Feuerstein(1979).
A ZDP é um dos mais notáveis conceitos em psicologia do
desenvolvimento cognitivo, visto que pode capacitar-nos a investigar além do
desempenho observado de uma criança. De mais a mais, a combinação de testagem e
de ensino atrai muitos psicólogos e educadores. Educadores, psicólogos e outros
pesquisadores foram cativados pela noção de Vygotsky de que podemos
ampliar e facilitar o desenvolvimento das capacidades cognitivas das crianças.
Conforme evidenciado pelos estudos da experiência de aprendizagem
mediada e da instrução direta do conhecimento tácito, as ideias
de Vygotsky estimularam tanto as aplicações práticas adicionais, como as
investigações ulteriores quanto à nossa compreensão fundamental de como se
desenvolve a cognição. Ainda que vivesse outros 38 anos ou mais, ele não nos
teria dado um quadro completo, definitivo e perfeito do modo como o pensamento
infantil se desenvolve.
Tanto Piaget quanto Vygotsky – indiscutivelmente os dois
psicólogos do desenvolvimento mais influentes até hoje – instigaram-nos a não
nos contentarmos apenas em observar se as respostas das crianças às perguntas e
às tarefas eram corretas. O poder desses dois psicólogos do desenvolvimento
repousa em seu interesse em investigar abaixo da superfície, para tentar
compreender por que elas se comportam e respondem como o fazem. Como é
verdadeiro para quase todas as contribuições significativas à ciência, as
ideias de Vygotsky e de Piaget são avaliadas mais por quanto nos estimulam
a ampliar nosso conhecimento, do que por quão perfeitamente representaram uma
compreensão completa e definitiva da mente humana em desenvolvimento. Talvez, o
máximo que possamos exigir de uma teoria é que ela seja digna de investigação
posterior.
Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), é um conceito elaborado
por Lev Vigotsky, e define a distância entre o nível de desenvolvimento atual,
determinado pela capacidade de resolver um problema sem ajuda, e a gama de
possibilidades, determinado através de resolução de um problema sob a
orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro. Quer dizer, é
a série de informações que a pessoa tem a potencialidade de aprender mas ainda
não completou o processo, conhecimentos fora de seu alcance atual, mas
potencialmente atingíveis.
Os níveis de
desenvolvimento
Vigotsky descreve dois níveis de desenvolvimento, denominados
Nível de Desenvolvimento Atual e Gama de Possibilidades. O desenvolvimento real
é aquele que já foi consolidado pelo indivíduo, de forma a torná-lo capaz de
resolver situações utilizando seu conhecimento de forma autônoma. O nível de
desenvolvimento real é dinâmico, aumenta dialeticamente com os movimentos do
processo de aprendizagem. O desenvolvimento potencial é determinado pelas
habilidades que o indivíduo já construiu, porém encontram-se em processo. Isto
significa que a dialética da aprendizagem que gerou o desenvolvimento real,
gerou também habilidades que se encontram em um nível menos elaborado que o já
consolidado. Desta forma, o desenvolvimento potencial é aquele que o sujeito
poderá construir.
Desenvolvimento
e Aprendizagem: a Zona de Desenvolvimento Proximal
Vygotsky elabora a seguinte definição para um de seus conceitos
acerca do processo de desenvolvimento da criança: “a distância entre o nível de
desenvolvimento atual, determinado pela resolução independente de problemas, e
o nível de desenvolvimento potencial determinado pela resolução de problemas
sob orientação ou em colaboração com parceiros mais capazes”
A zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o
desenvolvimento real (o que já se faz sem ajuda) e o desenvolvimento
potencial (o que se pode atingir futuramente com ajuda). Para tanto, é
necessária a figura de um mediador que o auxiliará na aprendizagem e,
consequentemente, contribuindo ao desenvolvimento.
Para J. Piaget, dentro da reflexão construtivista sobre
desenvolvimento e aprendizagem, tais conceitos se inter-relacionam, sendo a
aprendizagem alavanca do desenvolvimento. A perspectiva piagetiana é
considerada maturacionista, no sentido de que ela preza o desenvolvimento das
funções biológicas – que é o desenvolvimento - como base para os avanços na
aprendizagem. Já na chamada perspectiva sócio-interacionista,
sócio-cultural ou sócio-histórica, abordada por L. Vygotsky, a
relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem está atrelada ao fato de o ser
humano viver em meio social, sendo este a alavanca para estes dois processos.
Isso quer dizer que os processos caminham juntos, ainda que não em paralelo.
Entenderemos melhor essa relação ao discutir a Zona de
Desenvolvimento proximal. Os conceitos sócio-interacionistas sobre
desenvolvimento e aprendizagem se fazem sempre presentes, impelindo-nos à
reflexão sobre tais processos. Como lidar com o desenvolvimento natural da
criança e estimulá-lo através da aprendizagem? Como esta pode ser efetuada de
modo a contribuir para o desenvolvimento global da criança? Em Vygotsky, ao
contrário de Piaget, o desenvolvimento – principalmente o psicológico/mental
(que é promovido pela convivência social, pelo processo de socialização, além
das maturações orgânicas) – depende da aprendizagem na medida em que se dá por
processos de internalização de conceitos, que são promovidos pela aprendizagem
social, principalmente aquela planejada no meio escolar. Ou seja, para
Vygotsky, não é suficiente ter todo o aparato biológico da espécie para
realizar uma tarefa se o indivíduo não participa de ambientes e práticas
específicas que propiciem esta aprendizagem. Não podemos pensar que a criança
vai se desenvolver com o tempo, pois esta não tem, por si só, instrumentos para
percorrer sozinha o caminho do desenvolvimento, que dependerá das suas
aprendizagens mediante as experiências a que foi exposta.
Neste modelo, o sujeito – no caso, a criança – é reconhecida como
ser pensante, capaz de vincular sua ação à representação de mundo que constitui
sua cultura, sendo a escola um espaço e um tempo onde este processo vivenciado,
onde o processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação entre
sujeitos. Essa interação e sua relação com a imbricação entre os processos de
ensino e aprendizagem podem ser melhor compreendidos quando nos remetemos ao
conceito de ZDP. Para Vygotsky (1996), Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP),
é a distância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, determinado pela
capacidade de resolver problemas independentemente, e o nível de desenvolvimento
proximal, demarcado pela capacidade de solucionar problemas com ajuda de um
parceiro mais experiente. São as aprendizagens que ocorrem na ZDP que fazem com
que a criança se desenvolva ainda mais, ou seja, desenvolvimento com
aprendizagem na ZDP leva a mais desenvolvimento, por isso dizemos que, para
Vygotsky, tais processos são indissociáveis.
A
aprendizagem antecede, possibilita e impulsiona o desenvolvimento.
Para Vygotsky a aprendizagem e o desenvolvimento estão
inter-relacionados, e a aprendizagem antecede o desenvolvimento, ou melhor, o
objetivo da aprendizagem é prever o desenvolvimento potencial, e interferir na
zona de desenvolvimento proximal, promovendo o desenvolvimento do sujeito.
Em Vygostky você aprende, por isso se desenvolve; em Piaget, você
se desenvolve, por isso aprende!
É justamente nesta zona de desenvolvimento proximal que a
aprendizagem vai ocorrer. A função de um educador escolar, por exemplo, seria,
então, a de favorecer esta aprendizagem, servindo de mediador entre a criança e
o mundo. Como foi destacado anteriormente, é no âmago das interações no
interior do coletivo, das relações com o outro, que a criança terá condições de
construir suas próprias estruturas psicológicas (Creche Fiocruz, 2004). É assim
que as crianças, possuindo habilidades parciais, as desenvolvem com a
ajuda de parceiros mais habilitados (mediadores) até que tais habilidades
passem de parciais a totais. Temos que trabalhar, portanto, com
a estimativa das potencialidades da criança, potencialidades estas que, para
tornarem-se desenvolvimento efetivo, exigem que o processo de aprendizagem, os
mediadores e as ferramentas estejam distribuídas em um ambiente adequado
(Vasconcellos e Valsiner, 1995).
Temos portanto, uma interação entre desenvolvimento e aprendizagem,
que se dá da seguinte maneira: em um contexto cultural, com aparato biológico
básico interagir, o indivíduo se desenvolve movido por mecanismos de
aprendizagem provocados por mediadores. Para Vygotsky, o processo de
aprendizagem deve ser olhado por uma ótica prospectiva, ou seja, não se deve
focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela está aprendendo. Em
nossas práticas pedagógicas, sempre procuramos prever em que tal ou qual
aprendizado poderá ser útil àquela criança, não somente no momento em que é
ministrado, mas para além dele. É um processo de transformação constante na
trajetória das crianças. As implicações desta relação entre ensino e
aprendizagem para o ensino escolar estão no fato de que este ensino deve se
concentrar no que a criança está aprendendo, e não no que já aprendeu. Vygotksy
firma está hipótese no seu conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP).
(Creche Fiocruz, 2004)
A linguagem é, antes de tudo, social. Portanto, sua função inicial
é a comunicação, expressão e compreensão. Essa função comunicativa está
estreitamente combinada com o pensamento. A comunicação é uma espécie de função
básica porque permite a interação social e, ao mesmo tempo, organiza o
pensamento. Para Vygotsky, a aquisição da linguagem passa por três fases: a
linguagem social, que seria esta que tem por função denominar e comunicar, e
seria a primeira linguagem que surge. Depois teríamos a linguagem egocêntrica e
a linguagem interior, intimamente ligada ao pensamento.
A linguagem egocêntrica
A progressão da fala social para a fala interna, ou seja, o
processamento de perguntas e respostas dentro de nós mesmos – o que estaria bem
próximo ao pensamento, representa a transição da função comunicativa para a
função intelectual. Nesta transição, surge a chamada fala egocêntrica.
Trata-se da fala que a criança emite para si mesmo, em voz baixa, enquanto está
concentrado em alguma atividade. Esta fala, além de acompanhar a atividade
infantil, é um instrumento para pensar em sentido estrito, isto é, planejar uma
resolução para a tarefa durante a atividade na qual a criança está entretida
(Ribeiro, 2005).
A fala egocêntrica constitui uma linguagem para a pessoa mesma, e
não uma linguagem social, com funções de comunicação e interação. Esse “falar
sozinho” é essencial porque ajuda a organizar melhor as idéias e planejar
melhor as ações. É como se a criança precisasse falar para resolver um problema
que, nós adultos, resolveríamos apenas no plano do pensamento / raciocínio.
Uma
contribuição importante de Vygotsky e seus colaboradores, descrita no livro
Pensamento e Linguagem (1998), do mesmo autor, é o fato de que, por volta dos
dois anos de idade, o desenvolvimento do pensamento e da linguagem – que até
então eram estudados em separado – se fundem, criando uma nova forma de
comportamento.
Este
momento crucial, quando a linguagem começa a servir o intelecto e os
pensamentos começam a oralizar-se – a fase da fala egocêntrica – é marcado pela
curiosidade da criança pelas palavras, por perguntas acerca de todas as coisas
novas (“o que é isso?”) e pelo enriquecimento do vocabulário. O declínio da
vocalização egocêntrica é sinal de que a criança progressivamente abstrai o
som, adquirindo capacidade de “pensar as palavras”, sem precisar dizê-las. Aí
estamos entrando na fase do discurso interior. Se, durante a fase da fala
egocêntrica houver alguma deficiência de elementos e processos de interação
social, qualquer fator que aumente o isolamento da criança, iremos perceber que
seu discurso egocêntrico aumentará subitamente. Isso é importante para o
cotidiano dos educadores, em que eles podem detectar possíveis deficiências no
processo de socialização da criança. (Ribeiro, 2005)
Discurso interior e pensamento
O discurso interior é uma fase posterior à fala egocêntrica. É
quando as palavras passam a ser pensadas, sem que necessariamente sejam
faladas. É um pensamento em palavras. Já o pensamento é um plano mais profundo
do discurso interior, que tem por função criar conexões e resolver problemas, o
que não é, necessariamente, feito em palavras. É algo feito de idéias, que
muitas vezes nem conseguimos verbalizar, ou demoramos ainda um tempo para achar
as palavras certas para exprimir um pensamento. O pensamento não coincide de
forma exata com os significados das palavras. O pensamento vai além, porque
capta as relações entre as palavras de uma forma mais complexa e completa que a
gramática faz na linguagem escrita e falada. Para a expressão verbal do
pensamento, às vezes é preciso um esforço grande para concentrar todo o
conteúdo de uma reflexão em uma frase ou em um discurso. Portanto, podemos
concluir que o pensamento não se reflete na palavra; realiza-se nela, a medida
em que é a linguagem que permite a transmissão do seu pensamento para outra
pessoa (Vygotsky, 1998) Finalmente, cabe destacar que o pensamento não é o
último plano analisável da linguagem. Podemos encontrar um último plano
interior: a motivação do pensamento, a esfera motivacional de nossa
consciência, que abrange nossas inclinações e necessidades, nossos interesses e
impulsos, nossos afetos e emoções. Tudo isso vai refletir imensamente na nossa
fala e no nosso pensamento. (Vygotsky 1998)
A principal função da linguagem, de acordo com Vygotsky, é a de
intercâmbio social: é para se comunicar com seus semelhantes que o homem
cria e utiliza os sistemas de linguagem. Tal intercambio necessita, para
que seja possível uma comunicação mais sofisticada, da segunda função da
linguagem: o pensamento generalizante. Este consiste nos signos, os quais
simplificam e generalizam a experiência vivida, o que permite que ela seja
transmitida a outros.
O afeto se refere a qualquer espécie de sentimento ou emoção
associada a idéias ou a complexos de idéias. Assim, nas escolas, os alunos
experimentam diversos afetos, desde o prazer em conseguir realizar uma
atividade à raiva de discutir com os colegas (COSTA; SOUZA, 2006). Conforme
Vygotsky (2003), em psicologia, os afetos se classificam em positivos e
negativos. Os afetos positivos estão relacionados a emoções positivas de alta
energia, como o entusiasmo e a excitação, e de baixa energia, como a calma e a
tranqüilidade. Os afetos negativos, por sua vez, estão ligados às emoções
negativas, como a ansiedade, a raiva, a culpa e a tristeza. Embora a psicologia
tradicional trate cognição e afetividade de modo separado, as emoções e os
sentimentos dos alunos não se dissociam no processo ensino-aprendizagem, já que
podem favorecer ou não o desenvolvimento cognitivo.
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