Diretrizes para atuação do Psicólogo Escolar





Diretrizes para atuação do Psicólogo Escolar



É dever de o psicólogo agir diante de situações de  violação de direitos.

Atenção à reafirmação dos processos de culpabilização da vítima, diante do discurso de inclusão e da prática que não é inclusiva.


Que durante a formação, e na atuação, o psicólogo busque se apropriar criticamente dos documentos, resoluções, convenções internacionais que tratem das diretrizes da Educação para Todos.


A importância de lidar com as diferenças - problematizar a junção dos campos teóricos e suas peculiaridades promove a transformação, a mudança.


Considerando que a Psicologia é um campo de conhecimentos marcado pela pluralidade de formações e pela diversidade teórica e metodológica, muito tem a contribuir na derrubada dos estereótipos e preconceitos;


Conceber a atuação do psicólogo escolar como profissional promotor de reflexões teóricas que subsidiem ações inclusivas;


A atuação do psicólogo dentro da educação não pode estar atrelada a um modelo estanque, ela precisa ser construída, de acordo com a demanda apresentada pelo contexto; 


A Psicologia dentro do sistema educacional deverá contribuir com informações e reflexões sobre: desenvolvimento da criança, preconceito, paradigma da inclusão, os não-desejos dos profissionais da instituição, funcionamento do trabalho multidisciplinar e quadros clínicos.


A importância de o psicólogo e seu trabalho inteirar-se sobre as legislações relacionadas a educação e as questões da política pública;


O Psicólogo deverá estar comprometido com os princípios da Educação Inclusiva, tanto nos espaços educacionais formais quanto informais;


Entender, como competência fundamental do psicólogo no contexto educacional a articulação e facilitação de espaços para reflexão, interiorização e compreensão das questões relacionadas à diversidade humana e seus desdobramentos no processo de ensino/aprendizagem, visando a contribuir para uma educação inclusiva e democrática;


Necessidade de trabalho interdisciplinar, bem como do conhecimento e do acesso às tecnologias, a fim de poder atender às condições específicas dos sujeitos (por exemplo, conhecimento das e acesso à Língua de Sinais, às formas alternativas de comunicação, etc.);


Atenção à proposição de modelos pré-estabelecidos no atendimento, que pré-determinam os métodos, as estratégias e os objetivos, sem reconhecer as diferentes condições humanas e os diferentes contextos sócio-culturais. O aprisionamento a modelos pré-concebidos de atendimento acaba reafirmando a abstração das diferentes condições humanas;


O psicólogo deve colaborar na construção do projeto político-pedagógico da escola;
Nos casos em que houver necessidade de atendimento clínico-individual, que o psicólogo não perca a dimensão institucional, ou seja, que ele entenda os processos/relações que acontecem na escola e que estão facilitando ou dificultando a garantia do direito à aprendizagem;


Quanto às políticas intersetoriais (P/ex PSF, CRAS, CREAS, entre outros): importante frisar aos profissionais da psicologia que, mesmo não atuando diretamente na educação, é preciso levar em consideração a dimensão educacional, inclusive na produção de documentos escritos, laudos e relatórios;


Que os Conselhos de Psicologia continuem criando espaços e /ou apóiem outros órgãos da categoria que promovam, por meio de encontros, fóruns permanentes, seminários e congressos, o trabalho efetivo com os profissionais psicólogos para ocuparem os espaços da escola.


Formação

    Necessidade de se reverem os currículos dos cursos de psicologia, no sentido de preparar os psicólogos para inserção no contexto educacional brasileiro, tornando-os atuantes em relação às políticas públicas de educação inclusiva;


Discutir sobre a formação do psicólogo no âmbito acadêmico, em relação ao currículo mínimo, a fim de que contemple as diversas áreas de atuação, mediadas pela teoria e pela prática;


Que os psicólogos trabalhem com formadores e formandos objetivando a formação em psicologia escolar ou saúde do escolar;
Garantir na formação do psicólogo o acesso a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, não só para a população específica, e garantir, também, acesso a formas de comunicação alternativa, como, por exemplo, Braille, Pranchas de Comunicação, etc.


Atuação do Psicólogo:
 

Junto à Formação Docente
Que o psicólogo atue na formação do professor como parceiro, como alguém que reconheça e considere os conhecimentos do professor e valorize as experiências deles. Romper com a relação hierarquizada de especialista x profissionais da educação;
Contribuir para que o docente compreenda sua atuação a partir dos aspectos institucionais, de modo a possibilitar a apropriação e a participação igualitária nas decisões;
Enfocar o empoderamento desses trabalhadores e da participação igualitária nesse processo;
Propor a criação de espaços abertos, de livre escolha, a todos os educadores;
Necessidade também do psicólogo e da psicologia estarem mais presentes na formação, no dia-a-dia da escola;
Contribuir com a formação dos educadores, considerando os aspectos das relações subjetivas, constituídas nos espaços educacionais;


Em Intervenções Institucionais
A crítica realizada à atuação tradicional do psicólogo no contexto educacional, historicamente marcada pela psicometria (utilização de testes) e pela emissão de laudos que situam os problemas de escolaridade no aluno e em sua família, aponta para a necessidade de se construírem novos conhecimentos e instrumentos de intervenção que habilitem o psicólogo a atuar nesse campo preservando sua identidade profissional;
Acolher a demanda feita pela escola ao psicólogo e, a partir disso, colocar-se a serviço da inclusão;
Inserir-se no contexto escolar, não atendendo apenas a demandas pontuais, mas envolvendo o maior número de indivíduos: professor, aluno, família, comunidade e outros.
Reconhecer as especificidades das diferentes populações, não focalizando as incapacidades, mas as possibilidades; atuando nesse sentido junto ao professor.
Garantir o direito à história por meio da implementação e sistematização dos registros. Apropriar-se dos dispositivos existentes de registro da instituição e da vida escolar do educando, comprometendo-se com a importância de sua utilização e atualização, de modo a promover o acompanhamento do processo educativo (história de escolarização);
Compreender os fenômenos individuais não de maneira individualizante;
Intervir como mediador das relações escolares com o aluno, com o professor, com os pais, com a comunidade; este poderá ser um dos papéis de parceria do psicólogo na escola;
Colaborar com a leitura das relações de sala de aula que impedem o desenvolvimento dos educandos, rompendo com a permanência dos estereótipos;
Que o psicólogo entenda os mecanismos de exclusão produzidos pela escola, tendo uma visão ampla, que considere o contexto social e histórico. Questione acerca da construção social das diferentes exclusões (gênero, raça, econômica, religiosa, etc.);
Nas instituições especializadas (por exemplo, instituições voltadas a pessoas com deficiência, com sofrimento psíquico, etc.), o atendimento deve estar comprometido com a inclusão;
Comprometer-se com o trabalho em equipe, garantindo a horizontalidade no processo de participação, enfatizando as práticas bem sucedidas, ou seja, que avançam no sentido da Educação Inclusiva;
Atentar para outras frentes de trabalho para a psicologia intervir na escola;
A tutoria poderá ser um instrumento para inclusão (para autistas, grupos de vulnerabilidade social, adolescentes em conflitos com a lei, dentre outros); e o profissional da psicologia pode ser um tutor;
Intervir sobre os novos desafios presentes nas chamadas séries iniciais: crianças a partir de 6 anos estão “assujeitadas” à pressão pela escolaridade de 9 anos, levando-as a problemas psicológicos.

Fonte: CRP Por: Oslem Klesiano


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